O curso busca apresentar um panorama da obra da artista suíça radicada no Brasil Mira Schendel (1919- 1988), abordando as diversas questões que nortearam sua produção artística ao longo de mais de 30 anos. Schendel inicia sua carreira no início dos anos 1950, na condição de imigrante recém-chegada em Porto Alegre, com pinturas e desenhos que apontam para uma forte influência da tradição pictórica italiana. Em meados da mesma década, já estabelecida em São Paulo, seus trabalhos caminham para uma vertente mais abstrata, mas sem que a artista participe de algum movimento ou grupo específico. Contudo, será na década seguinte que Mira irá realizar seus trabalhos mais conhecidos, como a série de desenhos conhecida como Monotipias (1964-1966) e toda a produção em folha de papel de arroz (Trenzinhos, Droguinhas, Objetos Gráficos), que irão revelar o profundo caráter experimental de sua poética. É neste momento também que seu interesse sobre questões filosóficas aparece com grande força, mediante a problematização, por meio de sua obra, das noções de vazio, matéria, presença, efemeridade, transparência, símbolo, a visibilidade do invisível, entre outras. Da mesma forma, é quando Mira começa a explorar, como muitos artistas naqueles anos, a escrita como forma plástica, aproximando-se dos filósofos Vilém Flusser e Max Bense. Até o final de sua vida, Mira Schendel, por meios diversos, continua a desenvolver essas questões, muitas vezes de maneira completamente solitária, mas sempre de modo consistente.
Carga horária: 9 horas/aula + visita à exposição Mira Schendel, na Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Datas: 05, 12 e 19/08 das 19:30 às 21:30 – visita no dia 21/08.
Taisa Palhares possui graduação (1997), mestrado (2001) e doutorado (2011) em Filosofia pela Universidade de São Paulo. É curadora da Pinacoteca do Estado de São Paulo e professora da Escola da Cidade – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.