Exposições
Todos na sala de estar
“Todos na sala de estar” traz trabalhos de 11 artistas afinados com o que é a Casa Contemporânea: um espaço de encontros, idéias, linguagens, gerações, de modo de ver o mundo. Modos de (con)viver com arte.
Uma coceira a qual não se pode alçançar
Desde o início da Casa Contemporânea, e lá se vão seis anos, sabíamos que, para o artista, expor era algo tão vital quanto a própria produção. Claro que uma exposição não existe sem uma produção, de preferência consistente, mas esta mesma produção continua a ser feita pelo artista mesmo que ele não tenha uma exposição planejada. Isto se dá porque há uma necessidade de criar, de se expressar, que move qualquer artista; porém é bom lembrar duas coisas: expressar é expressar para outro, para alguém, e para que este expressar tenha a possibilidade de tornar-se efetivo é necessário que o que se cria possua honestidade ou uma verdade, pelo menos para quem os faz. Apesar de serem conceitos polêmicos em se tratando de arte ou fora de moda no cotidiano parecem fazer cada vez mais sentido, principalmente na esfera das artes, mas não só.
Desta forma percebemos que os artistas que circulam pela Casa, nos grupos de discussão ou nos acompanhamentos, tem essa relação de honestidade com sua produção além de heterogeneidade no que fazem. Então, como montar esta exposição?
O ponto mais importante foi não ter uma curadoria convencional, ou seja, através de um tema definido escolher artistas ou trabalhos que possam acrescentar algo ou possibilitar camadas de leitura ao tema e ampliá-lo; ela se fez mais como uma maneira de organizar demandas dos artistas.
Através de conversas com os coordenadores ou propositores dos grupos, foram indicados os artistas que, eles mesmos, escolheram trabalhos que gostariam de trazer à público. É neste sentido de organizar essas demandas individuais que a Casa trabalhou, de fazer com que a produção individual aparecesse e a heterogeneidade também.
Desta forma, artistas já dotados de certa trajetória como Helena Carvalhosa ou Cyra de Araújo Moreira mostram trabalhos recentes; outros estão em um momento de reflexão e revêem sua produção ou indo para caminhos experimentais como Lilia Malheiros e Fabiola Racy, ou ainda ampliando sua pesquisa de expansão no uso de uma determinada linguagem como Fabíola Notari. Alguns destes artistas começam a despontar, sendo premiados em salões e com exposições ocorrendo; é o caso de Renata Pelegrini, Anne Courtois, Thiago Ruiz e Mariana Chaves com diferentes linguagens, abordagens ou temas. Por fim apostas em artistas iniciantes como Davi Apenas e Renata Salgado que retiram de projetos ou do ateliê instalações e objetos trazendo-os para o espaço.
A diversidade de trabalhos, esperamos, permitirá que cada um que os vir construa uma narrativa, sem direcionamentos ou estereótipos.
Assim, aquele comichão que acomete o artista poderá, através do outro, ser aplacado com sua consequente dose de satisfação, apenas para surgir novamente em outro momento, em outro lugar, inquietando-o continuamente.
Marcelo Salles