Exposição Coletiva – Pigmento
“a arte não tem qualquer tarefa a
desempenhar no contexto social, moral ou
intelectual. Na sociedade, o artista tem
apenas a tarefa de manter vivo um
sentimento de humanidade”
Lucio Fontana
O PIGMENTO é formado por dezesseis artistas; dezesseis diferentes trajetórias que há alguns meses se encontram para pensar o mundo das “coisas vagas”, como dizia Paul Valéry. Convém dizer que “coisas vagas” sejam as artes, política, literatura, filosofia e como elas nos envolvem e afetam, colocando em destaque o que há de humano em nós.
Desta forma, este pensar é um exercício de liberdade que, em uma época de incertezas, busca referências fugindo ao previsível e ao convencional.
Quase um paradoxo, portanto, já que buscamos no próprio tempo em que vivemos, nesse incerto, o que nos pode guiar.A pintura foi o meio, mas também o fim, utilizado por esses artistas para atingir o humano através da experiência. Não uso aqui a palavra experiência com o sentido de acúmulo cronológico, mas sim, e me socorro em Merleau-Ponty, como
…permanente iniciação aos mistérios do mundo.
O PIGMENTO é, por si só, uma forma desse humanismo contemporâneo: um pouco desencantado, desconfiado das utopias clássicas mas acreditando que algumas ainda existem e podem tornar-se realidade, procurando não um sentido para a vida mas a existência como sentido, deixando, como na frase de Lucio Fontana, à arte apenas seu próprio fardo para carregar.
Essa é a primeira exposição do PIGMENTO.
Gosto como soa essa frase, mas gosto mais do que ela representa.
Texto de Marcelo Salles