Textos Críticos
Narrativas Imaginárias – Rafaela Jemmene
Rafaela Jemmene chega a esta exposição com um importante desdobramento em sua trajetória.
Artista com uma produção extensa e já reconhecida (exposições no SESC Pompéia e no projeto ATELIER AMARELO, participações em salões de Santo André e Guarulhos), ela nos mostra duas instalações onde o entrosamento de sua linguagem com o espaço se faz de maneira surpreendente. Em uma frase da própria artista:
“O meu pensamento se inicia no desenho, porém vai se alastrando e procurando espaço”.
Nesse “procurando espaço” a artista, com uma mesma linguagem, o desenho, consegue duas abordagens completamente diferentes entre si.
A instalação localizada à esquerda pertence à série Projetos para lugar algum na qual parte de desenhos que lembram estruturas de madeiras, mas, através de sua construção/desconstrução e sobreposições, tornam-se representações complexas de algo impossível de ser realizado; porém é sua montagem que chama atenção: agrupados em formatos variados e à maneira de Livro de artista eles pendem do teto constituindo um improvável espaço topográfico.
A instalação à direita lida com o espaço expositivo de maneira diversa da anterior, mas igualmente improvável. Cento e vinte pequenos desenhos dispostos geometricamente ordenados formam um painel que interfere de maneira mais sutil no local, mas não com menor força, permitindo leituras que vão de um afastamento do observador (visão do todo como uma única composição) para uma maior proximidade (a visão individual de cada desenho em suas minúcias).
Ao ver os trabalhos fica clara a dedicação e seriedade da artista com sua produção, mas, também, sua pesquisa sobre o desenho, códigos arquitetônicos e geométricos, sobre a paisagem urbana. Seu trabalho se alimenta dos espaços externos, mas faz o percurso de volta criando seu lugar.
Complementa a exposição, desenhos, que mostram a gênese dessas duas instalações.
Marcelo Salles