Exposições
área 35
Desenho, instalação e vídeos compõem “área 35”, da artista Mariana Chaves. Nesta segunda individual o corpo ainda é o indutor de questionamentos porém, agora, são suas transformações e o processo de assimilá-las que surgem nos trabalhos enquanto pensamentos sobre o feminino.
Prorrogamos a exposição ‘área 35’ até 19/12 para você ter mais uma chance de ver.
Aguardamos sua visita de terça a sexta das 14h às 19h e sábado das 11h às 17h.
Somente no sábado, 12, não abriremos por motivo de manutenção na rede elétrica da região.
Casa Contemporânea – Rua Capitão Macedo, 370 – Vila Mariana – SP
TEXTO CURATORIAL
área 35 ou “seguindo de onde parei”
Existem demandas incontornáveis. Por mais que se tente evitá-las elas reaparecem e, normalmente, mais fortes.
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Nesta segunda exposição individual Mariana Chaves continua a falar do corpo de forma engenhosa, mas agora são suas transformações e como assimilá-las que são apresentadas. Estão presentes luzes, cadeiras, tatuagens como na individual anterior, porém é tudo diferente. O corpo que antes era índice do ímpeto, da vontade, cede este caráter indicial ao pensamento; é ele que irá conduzir Mariana à uma junção corpo-pensamento, paradoxalmente através de uma racional separação em áreas numeradas (série de desenhos e vídeo “área 35”). Na sala ao lado quatro vídeos assumem uma narrativa temporal dos três anos que unem as duas exposições individuais (de Náusea, 2012, à duas mortes, duas verdades, 2012/2015; passando por Deriva e Redenção, ambos de 2015). A sala superior tem a instalação 130 bulbos; dela emanam não só a luz, mas também uma “quentura”, confortável para alguns, incômoda para outros.
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As relações simbólicas que Mariana estabelece não são usuais, ainda que sejam mais comuns ao universo feminino; pelo menos ao que se estabeleceu como de caráter “feminino”. Colocar-se frontalmente a estas questões de gênero exige um esforço real e constante. Exige, por exemplo, perceber que um corpo é maior do que a soma de suas partes. Exige compreender que mesmo uma área fortemente simbólica para o que seria o feminino não é o feminino em si. Exige enfrentar a perda de algo simbólico não como punição e sim como afirmação do que se é. É não ter mais uma parte e tornar-se una.
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Exposições individuais costumam ser pontos de inflexão na carreira de artistas. Usualmente associadas ao encerramento de um ciclo, onde ele faria uma avaliação do seu presente momento, carregam a ansiedade de qual caminho seguir daí em diante. Muitas vezes os trabalhos exigem tanto do artista, física e mentalmente, que ele necessita escolher outra trilha. O psicanalista Jacques Lacan dizia que a manifestação de uma demanda, de uma exigência, torna-se impossível de ser satisfeita quando ela incide sobre um objeto equivocado. É difícil perceber, ou aceitar, que escolhemos um objeto ou um caminho que não é o nosso e optamos pela insatisfação. Não é menos difícil, todavia, se deparar com algo do qual não podemos fugir ou contornar. Alguns preferem parar. Outros seguem adiante.
Marcelo Salles