Exposições
Mostra “1:1” (um pra um) do artista Shima
ÚLTIMO DIA DA EXPOSIÇÃO 1:1
Shima convida a todos:
“04 de outubro será o último dia de minha exposição, 1:1, na Casa Contemporânea.
Este dia marcará o encerramento de um processo de 4 semanas, onde permaneci em reclusão, sem sair para a rua, sem interação por meios virtuais, contando essencialmente com a equipe de produção, os amigos e o público visitante.
O ‘finissage’ será a desmontagem da exposição, apagando as marcas e os rastros desta exposição-em-processo, das 11 às 17H. A partir de quinta-feira iniciarei a limpeza do espaço, recolhendo e arquivando diários, anotações e registros de todo o processo.
Eu e a equipe do 1:1 convidamos a todos para acompanharem esta última semana e o último dia desta saga de 28 dias que transformou a mim, ao espaço e aos que, de alguma forma, por aqui passaram.
1:1
Eu estou aqui.
Você está aqui.
Gratidão.
Shima”
Convidamos a todos para a mostra “1:1” (um pra um) do artista Shima na Casa Contemporânea, em São Paulo.
Depois de oito meses intensos de preparação, o projeto – que teve financiamento através de uma plataforma de , propicia a interlocução do artista com o público durante um mês em que ele habitará o espaço expositivo e que, de fato, produzirá as obras de arte.
Os visitantes podem atender as propostas do performar Shima em encontros marcados durante quatro sábados, sempre das 11h às 17h (13, 20, 27/set e 04/out de 2014).
Casa Contemporânea
terça a sexta, das 14 às 19h sábados, das 11 às 17h
curadoria
Yudi Rafael produção Raphaela Melsohn
imprensa
marmiroli comunicação
erico.marmiroli@gmail.com
Assista a matéria sobre a exposição:
Artista plástico faz imersão em performance que dura 30 dias
EVENTOS
Feijoada pra quem?
No sábado, 13 que pontua o final da primeira semana de exposição, Shima prepara arroz, feijão preto e farinha de mandioca, elementos da tradicional feijoada, e convida o público a trazer ingredientes para temperar e complementar os pratos, além de talheres e utensílios para uso próprio (se possível, para serem deixados no local).
Churrasquinho de Curador
Dando sequência aos encontros de sábado propostos pelo artista, convidamos a todas/os para o “Churrasquinho de curador”. Trata-se de um churrasco realizado por curadores e oferecido ao público presente. Tragam materiais de trabalho, como publicações, cartões de visita, projetos, materiais de divulgação, idéias, etc., para depositar em recipientes que serão levados, no final do evento, pelos curadores participantes.
Massa para Massa
Terceiro e penúltimo encontro da exposição individual de Shima, um pra um, na Casa Contemporânea.
Os interessados deverão trazer pratos e talheres para servirem-se de massa caseira ao molho sugo a partir do portão do espaço, para comerem na calçada, onde haverá mesas e cadeiras. É promovido uma troca: os participantes, trazendo os pratos e talheres, deverão deixá-los no espaço após a refeição, onde serão recolhidos e farão parte de uma instalação, podendo também ser ‘emprestados’ para outros participantes.
Sobre bordar vínculos ou tecer a várias mãos | Yudi Rafael
“Nas noites de sábado os imigrantes veteranos e novatos reuniam-se na casa de um deles para conversar. É que tinham necessidade de reunir-se em algum lugar”[1].
Um viajante retorna à sua cidade natal, dez anos após sua partida, e estabelece sua morada em um espaço expositivo: “a casa é uma das maiores (forças) de integração para os pensamentos, as lembranças e os sonhos do homem… o passado, o presente e o futuro dão à casa dinamismos diferentes… sem ela, o homem seria um ser disperso.
Todo espaço realmente habitado traz a essência da noção de casa… a casa não vive somente no dia-a-dia, no curso de uma história, na narrativa de nossa história… [mas] pelos sonhos, as diversas moradas de nossa vida se interpenetram e guardam os tesouros dos dias antigos”[2]. “Ao rememorar, não há pessoa que não se encontre consigo mesma. É o que está acontecendo agora”[3].
Aqui as conexões se fazem matéria: “meu corpo conta-se entre as coisas, é uma delas, está preso no tecido do mundo, e sua coesão é a de uma coisa. Mas, dado que vê e se move, ele mantém as coisas em círculo a seu redor, elas são um anexo ou um prolongamento dele mesmo, estão incrustadas em sua carne, fazem parte de sua definição plena”[4]. Da bagagem, das coisas que se precisa para habitar um espaço durante um período de tempo, “as roupas indispensáveis e objectos de uso diário”[5], o artista produz boa parte do que usa – “é sempre (…) a especificidade de uma linguagem plástica que se desenvolve atrelada ao corpo que está em questão… seja construindo, vestindo, viajando, desenhando, é a vivência integral do acontecimento artístico e a reinvenção das formas de vida que estão em jogo na poética fragmentada e múltipla”[6].
A “bagagem” carrega também algo das relações estabelecidas, memória de laços construídos nos encontros, antes e depois da partida, e que, de alguma forma, agora se atualizam. Ao se fixar num determinado local, torna-se possível desenhar um mapa do entorno elaborado e em tempo real, dos nós que se ligam a partir de um ponto (eu, nós) e “traçar, a partir dali (…) linhas e vetores: ir buscar o que essas linhas alcançam”[7]. Cartografia: “a descrição de uma rede é uma maneira de dispor os rastros deixados por atores no curso de suas ações”[8], a demarcação de um contexto, espaço, tempo, experiência. Ainda, “o exercício experimental… é tanto mais fértil… em um mundo obcecado pela eficiência e pela necessidade de produzir”[9]. “Queremos experimentar, pesquisar e ver o que acontece” [10], “refazer a economia dos desejos, desconfiar das ideologias escondidas na constituição íntima das situações que se repetem no dia a dia”[11], “a partir do mesmo eco escuro em que ressoam as dúvidas e as certezas cinzas da existência: a densidade arquipelágica da vida: seu lugar e seu não lugar: seu entre-dois”[12].