Exposições
Silêncio e Cor
Abertura: 1 de setembro de 2011, das 19h às 22h
de 02 de setembro até 05 de outubro de 2011
Curadoria: Marcelo Salles
Espaço Cultural Rudolf Steiner
Rua da Fraternidade, 156
Alto da Boa Vista – São Paulo – SP
Sobre o silêncio e sobre a cor
Dois artistas. Duas maneiras de se relacionar com o silêncio e a cor, cada um com o seu ritmo, buscando equilibrar dentro de si as forças externas e internas que sempre nos desafiam.
Essa autonomia e a possibilidade da busca é que nos coloca junto a arte e, especificamente, à pintura.
A pintura nos permite essa convivência entre opostos, experimentação, erro e acerto, o que é visível e o invisível, o matérico e o imaterial.
Os trabalhos da Bia e do Isaac possuem, individualmente, essa condensação ou síntese do humano em nós.
O silêncio é ascese. A cor é o mundo corpóreo. É quando eles se encontram que temos esta síntese, quando estas características distintas podem conviver numa mesma tela de forma complementar.
Mas isto não é tão simples. Para percebermos o silêncio temos que senti-lo, muitas vezes, por sua ausência; assim como a cor também se faz presente não por sua exuberância, mas por uma memória, uma lembrança dela em diversas camadas.
Sendo assim, os trabalhos expostos podem se apresentar ora ruidosos e com cores muito presentes (no piso inferior), ora se encaminhando para o silêncio e uma economia tonal (piso superior).
Chega a ser admirável que isto ocorra no trabalho de ambos e de forma diversa. No trabalho do Isaac oscilamos do ruído para o silêncio e da diversidade de cores para um quase monocromatismo por adição, por uma construção de um plano único, à semelhança do branco original da tela, cindido por pinceladas que abrem espaço não em uma névoa mas em algo concreto como uma paisagem urbana.
Para a Beatriz essa mesma oscilação se dá pela subtração, por um desvelar algo que já estava presente antes mesmo da tela branca receber a primeira pincelada,porque já existia em memória, em espírito; algumas vezes precisamos de tempo para perceber quando a cor se faz por uma ausência de luz.
Temos que nos acostumar com a cor que se esvai assim como com o silêncio que surge. Mas só percebemos isso pelo contato anterior, pela memória.
É desta forma que temos o equilíbrio, sempre fugidio, entre corpo e espírito, entre corpo e memória; porque tentamos reter algo de transcendente em nossos corpos ou mentes.
Quando pintamos vivemos mais, porque vivemos além do que somos.
Texto: Beatriz Sztutman, Isaac Sztutman, Marcelo Salles
Apoio: Casa Contemporânea