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Pigmento #2

Pigmento #2
Zwei Arts

Textos Críticos

Pigmento #2

Hamlet: não estas vendo nada ali?
Rainha: nada; mas tudo que há eu vejo.
William Shakespeare, Hamlet 

A exposição Pigmento #2 é um recorte da produção de sete artistas onde, em contraponto a #1, utilizamos o conceito de “elementos reconhecíveis”. Na verdade trata-se de pensar sobre a questão figuração/abstração, ainda que se diga ser esta ultrapassada ou desprovida de sentido. De certa forma, qualquer tentativa de representação, principalmente em superfície bidimensional, seria uma abstração; porém isto não colabora na discussão, pois essa afirmação parece muitas vezes esquecer ou relegar ao insignificante o fato de que ao vermos algo representado esse algo nos remeta a códigos ou signos já estabelecidos em nossa memória/mente e que isto altera nossa maneira de compreendê-lo. Não cabe aqui um juízo de valor, mas diferenciar a relação obvia que fazemos entre um trabalho, em qualquer linguagem, que traga elementos que não reconhecemos em nosso repertório, ou seja abstrato, e outro com elementos reconhecíveis, ou figurativo, será uma experiência diferente para quem vê.

Pensando desta maneira os trabalhos expostos buscam um tensionamento entre o que podemos reconhecer e onde isso não acontece. Teríamos, então, cenas urbanas, paisagens, frames do cotidiano onde um certo estranhamento surge devido à tensão que nos faz buscar, identificar ou situar elementos familiares.

Gabi Lipkau, Helena Carvalhosa e Vera Toledo trabalham com diversidade de temas; são cenas urbanas, objetos comuns ou mesmo paisagens. Gabi possui uma fatura expressiva de cores fortes onde também chama a atenção um enquadramento inusitado que contribui para uma atmosfera perturbadora ou que causa estranheza. Nos trabalhos de Helena o tema original, seja uma paisagem, um objeto, um móvel, está prestes a perder seus referenciais em função de uma das questões pictóricas por excelência: a composição de cores e a construção que se faz através dela. Poderia ser o oposto do que vemos nas telas de Vera, com sua procura de uma fatura mais próxima do real, não fosse isto posto em questão perante a tela Gramacho (localizada no piso superior).

Fernando Zanetti em seus trabalhos mais recentes, do qual trazemos dois exemplares (sala 2), usa signos banais como cadeiras, bancos; através de artifícios como a inversão da tela ou o fundo branco questionam justamente este caráter do objeto banal e muito reconhecível colocado contra um anteparo, aludindo a figura/fundo tão cara a pintura.

Hilário Kleiman, Cecília Pastore e Simone Fonseca usam uma fatura própria ou um tema que, antes de esgotar o trabalho, abre possibilidades quase infinitas. Hilário parte de fotos das mais variadas procedências (pessoais, afetivas, turísticas) como disparador do processo onde elementos perturbadores de uma pretensa paisagem pedem nossa aproximação e nos colocam diante de pequenas surpresas. Para quem vê os trabalhos de Cecília parece que estamos diante de paisagens marinhas apenas; nada mais errôneo. O que se discute nelas é, substancialmente, o desenho e as relações cromáticas; o tema, ou o que é reconhecível, passa a ser secundário. Simone também parece lidar em suas telas com um único tema: a construção de uma paisagem. É surpreendente quando sabemos que sua fatura é totalmente abstrata e aleatória. Utilizando composições com recortes de vinil, fotografia e programas de alteração digital, sua pintura vai surgindo de uma expressividade controlada e que acaba por remeter a imagens que podemos associar a cidades vistas de cima ou paisagens um tanto absurdas.

Onde parece não haver nada, ou onde tudo está posto e claro, é o lugar da surpresa, da possibilidade. É neste território que habitam estes artistas. O território da arte.

Marcelo Salles